O Cavalier King Charles Spaniel é uma raça que vem conquistando cada vez mais os corações dos brasileiros, porém é uma raça que tem propensão a várias doenças, dentre elas duas bem graves: a doença da válvula mitral (coração) e a seringomielia.
A criadora Carla Serran, do canil Geant de Chloe, escreveu esse artigo para alertar quem tem ou quem está pensando em adquirir um Cavalier.
Quando falamos dos nossos queridos Cavaliers, só poderia fazer algumas recomendações:
1. Nunca compre em Petshop
2. Nunca compre um Cavalier com pedigree inicial (sem os nomes dos pais e avós ficará difícil identificar assim a origem do seu cão e os problemas genéticos que ele possa carregar)
3. Peça recomendações de pessoas que compraram com o criador
4. Todo filhote é bonitinho, sempre, sempre veja a foto dos pais e se possível vá ao local.
5. Não reproduza seu cão, isso é responsabilidade dos criadores que trabalham para isso. Veja aqui 5 razões pra você não cruzar o seu cachorro.
6. Saúde não significa chegar em sua casa só com o esquema de vacinação quase pronto, sem pulgas, sem carrapatos…saúde vai muito além disso.
7. Nunca leve um filhotinho para sua casa com uma dose de vacina. As possibilidades de perdê-lo aumenta muito. Desconfie de “criadores” que querem se desfazer do filhote o mais rápido possível, pois esses não são responsáveis. Veja aqui como escolher um canil e sobre compra responsável.
8. Não incentive a reprodução caseira comprando de proprietários (seu vizinho que cruzou o cachorro dele, por exemplo). Se o fizer peça exames cardíacos para os tutores, saúde se comprova com exames e não porque o cão não fica doente.
9. O baratinho poderá te custar muito caro e acima de tudo, muito sofrimento. Boa sorte!
Cardiopatia congênita em Cavalier King Charles Spaniel
As doenças tanto do coração como em outros órgãos podem ser consideradas adquiridas ou congênitas.
As doenças do coração adquiridas são aquelas que se desenvolvem após o nascimento, que não se iniciou ainda no feto ou período intra-uterino.
As doenças congênitas do coração se desenvolvem usualmente no período embrionário. Estas podem ter característica hereditária ou não. As doenças de característica hereditária são transmitidas através dos genes paterno ou materno. Ocorre uma alteração genômica que propicia o desenvolvimento de doenças em qualquer fase da vida, no entanto, a maioria das doenças congênitas do coração não são hereditárias.
Malformações do coração e grandes vasos representam uma causa pequena, mas significativa, de afecção cardíaca( toda modificação, ou alteração, capaz de expressar uma doença)em animais de pequeno porte, no caso específico, nossos queridos cavaliers. A origem das anormalidades circulatórias resultantes das cardiopatias congênitas em Cavaliers são similares ao que ocorre em seres humanos.
A identificação da cardiopatia congênita é crítica na avaliação de animais de companhia recém-adquiridos e na avaliação de cães puros de raça, para futuras práticas reprodutivas.
O veterinário clínico deve estar ciente da apreciação geral da base genética e etiológica da cardiopatia congênita, para que esteja habilitado ao aconselhamento apropriado dos criadores.
A abordagem geral do animal de companhia com cardiopatia congênita é similar à utilizada da avaliação dos distúrbios cardíacos adquiridos. A idade, a raça e o sexo devem ser considerados.
Sintomas da cardiopatia
Os sinais clínicos mais comuns são:
– Crescimento insuficiente,
– Falta de ar,
– Aumento de volume abdominal,
– Cianose(coloração azulada das mucosas/falta de oxigenação),
– Debilidade(fraqueza, prostração, abatimento),
– Síncope(desmaio
– Convulsões e
– Morte súbita(repentina, sem sinais, sem previsão).
Entretanto, muitos cavaliers com insuficiência cardíaca congênita são relativamente assintomáticos(sem os sintomas relacionados acima), mas independente do quadro clínico, o sopro é presente.
Os defeitos cardíacos congênitos podem ocorrer resultando de fatores genéticos, ambientais, cromossômicos, infecciosos, toxicológicos, nutricionais e relacionados a medicamentos. Pouco se sabe a cerca dos fatores não genéticos no que tange à cardiopatia congênita espontânea no cão.
Fatores genéticos exercem efeitos específicos no processo de formação cardíaca, resultando em tipos específicos de malformações cardiovasculares. Múltiplos genes possuem efeito aditivo, e produzem traço fenotípico discreto, assim que tenham alcançado determinado limiar.
Estes padrões de herança explicam o espectro das malformações (subclínicas até graves) ocorrente em famílias de cães com defeitos.
Cardiologista Responsável pelos exames do plantel Geant de Chloe:
Daniel Paulino Junior-Doutor e Mestre/Professor em Medicina Veterinária pela UNESP
CURRICULUM: http://lattes.cnpq.br/2992008966310276
Proprietária Canil Geant de Chloe: Carla da Costa Serran
Texto: Dr.Daniel Paulino Junior/Adaptação: Carla da Costa Serran
REFERÊNCIAS:
BELERENIAN, G. MUCHA, C.J., CAMACHO, A.A. Afecciones cardiovasculares en pequeños animales.Ed. Intermedica, Buenos Aires, 2001.
BONAGURA, J.D.; DARK, P.G.G. Cardiopatia Congênita. In: ETTINGER, S.T.; FELDMAN, E. C. Tratado de medicina interna veterinária. São Paulo: Manole, 4 Ed., Vol.1, p.1254-1315, 1992.
BRIGHT, M. J.; HOLMBERG,L.D. O Sistema Cardiovascular. In: HOSKINS, J.D. Pediatria veterinária. São Paulo: Manole, p.49-78, 1993.
FOX, P.R. et. al. Textbook of canine and feline cardiology: principles and clinical practice. 2. ed. Philadelphia: WB Saunders Company, 1999.
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