O assunto é sobre a Síndrome de Ansiedade de Separação que vem tomando uma importância cada vez maior nos dias de hoje, especialmente devido ao modo de vida muito atribulado dos proprietários (trabalham o dia todo fora), como também a uma forte dependência que os humanos passaram a adquirir em relação aos seus cães, como se estes fossem seus filhos, ou até mesmo uma extensão de seus tutores.
Sabe-se que a humanidade está cada vez solitária, individualista, não por pura vontade, mas sim pela necessidade dos tempos modernos em trabalhar mais e, como conseqüência, lucrar mais e “ser mais feliz”. Esse comportamento necessita de uma válvula de escape, pois não se vive só, sem família por perto ou sem amigos. É no âmbito deste sentimento de solidão e carência que algumas pessoas passam a adquirir um animal de estimação e fazem deste o centro de suas atenções quando estão juntos. Dormem juntos, comem juntos, muitas vezes compartilhando da mesma alimentação, proporcionando uma relação de dependência mútua. Na maioria das vezes, essa atitude de acolhimento e carinho que o proprietário tem para com o cão é algo que se faz inconscientemente, na tentativa de preencher algum espaço e em troca dar algo bom ao animal. Não cabe nenhum julgamento a qualquer proprietário sobre esse tipo de atitude, pois se o mesmo não possui consciência do que isso pode significar verdadeiramente para o cão, ele não é o culpado, apenas não sabe e o faz na melhor das intenções.
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Porém, diante de uma relação extremamente dependente temos como resultado exatamente a dependência extrema. Parece redundante, não é? Porém é algo que se sabe, mas não se entende. Transponha para os relacionamentos humanos. Por exemplo, os pais podem criar uma criança visando dois caminhos: ou induzindo essa criança a ser independente, ensinando quais as atitudes para isso, ou o outro caminho é superprotegê-la, o que a tornará uma criança insegura, medrosa por não ter oportunidade em conhecer o novo, de testar suas possibilidades e saber até onde pode ir, e, dependente dos pais, num primeiro momento e de um parceiro(a) num segundo momento da vida.
Veja o bate-papo com o terapeuta de cães sobre ANSIEDADE DE SEPARAÇÃO:
É assim que se pode fazer com um cão, ou damos as possibilidades para que possa demonstrar seu potencial, fazer suas descobertas, encarando as dificuldades com o medo reservado e próprio destas, ou acolhendo de forma demasiada todas as manifestações de medo, ansiedade, não permitindo que o cão as possa vivenciar.
É diante disto que proponho que entendamos melhor do que se trata a Síndrome de Ansiedade de Separação (SAS). Trata-se de uma série de comportamentos manifestados pelos cães quando deixados sozinhos. O pior é que quando o proprietário não percebe a causa do problema em si e ao chegar em casa se depara com um sofá totalmente destruído, pune seu animal. A punição é feita de maneira inapropriada e isso colabora para o aumento da freqüência do comportamento indesejado.
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O comportamento do cão visto como inadequado se dá por uma resposta dele ao estresse sentido diante da separação de uma ou mais pessoas que mantém um contato estreito.
Esse relacionamento do cão se dá desde filhote, primeiramente com a mãe e irmãos de ninhada e posteriormente, no período de socialização, o filhote irá se ligar a outros animais da mesma ou/e de outras espécies. A socialização determinará o tipo de relação social que ele terá, assim como processos de comunicação, hierarquia, maneiras de resolver problemas e também e não menos importante, o tipo de relação que será estabelecida com o proprietário, sendo que esta é baseada em confiança. Porém quando o cão permanece dependente demais do dono, poderão ser desenvolvidas questões comportamentais denotando a ansiedade de separação.
Sinais de que o cachorro está com Ansiedade de Separação
Dentre os comportamentos, poderão ser observados xixi e cocô no lugar errado como na porta ou cama do dono, vocalizações em excesso (uivos, latidos, choros), comportamento destrutivo (arranhar sofás, morder objetos pessoais do dono, janelas, pé de mesa, pé de cadeira, portas), depressão, anorexia (perda de apetite), hiperatividade, podem mastigar portas e janelas quando o tutor não está na tentativa de segui-lo, mastigam móveis, fios, paredes, roupas, não comem ou bebem enquanto o tutor não retornar, podem apresentar também automutilação na tentativa de combater o tédio. Cabe ressaltar que cada caso é um caso e que deve ser rigorosamente analisado por um profissional, levantando todo um histórico comportamental do animal para que se possa chegar à hipótese de ansiedade de separação.
Para entendermos melhor, precisamos saber uma diferença entre o medo e a fobia. O medo é o sentimento de apreensão associado à presença ou proximidade de um objeto, pessoa, ou situação específica. O medo é algo normal, que faz parte do desenvolvimento e que é superado diante das situações que são apresentadas ao cão, no decorrer da vivência.
A fobia é uma resposta que o animal demonstra sendo esta imediata, aguda, profunda, anormal, traduzida como um comportamento de medo extremo, comparada ao pânico. Fobia, diferentemente do medo, não é extinta com a gradual exposição do cão ao que gera o desespero.
Como diagnosticar a Ansiedade de Separação
É dado quando o animal manifesta os comportamentos ansiosos na ausência do proprietário a qual mantém uma relação muito forte, mesmo estando na presença de mais outras pessoas.
Quando ainda filhote, vários eventos podem levar ao desenvolvimento da ansiedade de separação, por exemplo: ter sido tirado da mãe muito jovem, assim também não teve contato suficiente com irmãos de ninhada, mudança súbita de ambiente na qual estava acostumado, mudança do estilo de vida do proprietário, passando a ter menos tempo juntos, divórcio, crianças que crescem e deixam a casa, um recém-nascido na família, um novo animal de estimação. Pode ocorrem também por um evento traumático que tenha acontecido na ausência do proprietário, por exemplo, tempestades, terremotos, explosões, assaltos, invasões na residência.
Não existe raça específica para o desenvolvimento da síndrome, mas os cães que a desenvolvem são muito agitados, seguem o tutor por todos os lugares, pulam em cima do mesmo o tempo todo. Os cães com Ansiedade de Separação, sentem e sabem quando seu tutor está para sair e nesse momento choramingam, solicitam atenção, pulam, tremem, seguem insistentemente o proprietário.
Como tratar a Ansiedade de Separação
O primeiro passo para o tratamento do animal é compreender qual o real motivo que o levou até este ponto e dar todo o apoio e explicação ao proprietário a respeito de como é o funcionamento do raciocínio, da cognição do cão, fazendo-o entender que o proprietário mudando alguns aspectos de seu próprio comportamento em conjunto a uma especificação da origem do problema do animal é o que darão resultado. O animal que é dependente ao extremo precisa que o tutor perceba o que está fazendo de errado e por vezes acentuando a ansiedade do cão.
Se o animal está nesse estado foi porque o estímulo comportamental do cão foi reforçado a estar assim, portanto, devemos identificar quais são os estímulos reforçadores. Na Síndrome de Ansiedade de Separação, precisamos identificar estímulos que antecedam a saída do dono, as respostas comportamentais após um tempo determinado da saída do proprietário, a intensidade destas respostas referentes à quantidade de tempo que o tutor está fora de casa e estímulos no retorno do proprietário, ou seja, se este reforçou o comportamento inadequado do animal ou não.
Para o tratamento da ansiedade de separação deve incluir uma modificação da relação do tutor com o cão, prática de atividade física pelo animal, treino para a obediência, modificação de estímulos antecedentes a partida do tutor e conseqüentes à chegada do mesmo, prevenção e uso de ansiolíticos em alguns casos, sempre associado a toda a reorganização da vida do cão e do dono, pois somente o medicamento não mudará nem resolverá a causa do problema, somente irá mascará-la e o objetivo é trazer o animal para o convívio e não retirá-lo. O ponto principal é ensinar o cão a tolerar a ausência do dono, aos poucos, gradualmente, como por exemplo, com pequenas partidas do proprietário, aumentando o tempo fora com pequenos intervalos, não necessariamente crescentes, ou seja, o tutor pode sair primeiramente por 30 minutos, depois por 10, depois por 25, por 15, para que o cão entenda que ele irá retornar.
No retorno o tutor não deve saudar excessivamente o cão, pois esse comportamento só estaria reforçando negativamente o animal. Enquanto o cão permanecer excitado o tutor deve ignorá-lo, até que ele se acalme e só nesse momento, saudá-lo. “Fazer festa” antes de sair ou ao chegar em casa apenas faz com que o cachorro fique ainda mais ansioso.
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Junto a isso, o cão estará atento aos movimentos do tutor antes de sair de casa e mostra-se ansioso. O proprietário pode então, realizar todos os movimentos que faria antes de sair de casa, porém não sair. Pode-se também realizar o contra-condicionamento. Nesse caso o cão é treinado a manter-se calmo enquanto o tutor se movimenta, afastando-se cada vez mais até chegar perto da porta. Durante a ausência do tutor a televisão ou o rádio podem permanecer ligados para que o animal tenha a sensação de não estar só, ajudando-o a associar positivamente a ausência.
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É importante que o tutor consiga lidar com seus sentimentos também tendo a certeza que ignorar o cão por um tempo não fará com que o animal goste menos dele, mas sim, diminuirá a dependência extrema, permitindo que o cão tolere a sua ausência, tornando o animal mais equilibrado e feliz. Castigos e punições negativas não são recomendados como tratamento, trazendo apenas medo e agressividade do cão para com o punidor.
Lembre-se que um cão super dependente não é um cão contente e nem há uma relação saudável com o dono. Passe a trabalhar sua mente para ajudar seu grande amigo a ser mais feliz!
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